19/11/2024

Em 15 anos, Coopermiti transformou lixo em oportunidades de trabalho e sustentabilidade

Através da reciclagem de eletrônicos e resíduos secos recicláveis, a cooperativa estima ter retirado 10 mil toneladas de resíduos do meio ambiente e gerado renda para mais de 370 famílias

 A cooperativa de reciclagem da capital paulista, Coopermiti, possui uma história marcada pelo pioneirismo. Reconhecida por ser a primeira no Brasil a firmar parceria com um órgão público para a triagem de resíduos eletroeletrônicos, completa 15 anos em atividade e comemora a marca de aproximadamente 10 mil toneladas de resíduos retirados do meio ambiente e a geração de trabalho, renda e capacitação para mais de 370 famílias, impactando indiretamente cerca de 1.400 pessoas.

“Você sabia que aparelhos eletrônicos não podem ser descartados no lixo comum? Se ainda hoje há dúvidas sobre isso, imagine há 15 anos? Nesses anos, além do nosso trabalho técnico, foi preciso realizar projetos educacionais para passar a informação adiante. Isso nos exige formação constante, além de trabalhadores de reciclagem, nós somos porta-vozes da importância do descarte regular e da sustentabilidade", explica Alex Pereira, presidente da cooperativa.

"Lixo” com valor histórico e educacional
O presidente da cooperativa estima que das 10 mil toneladas, cerca de 6,5 mil toneladas correspondem a resíduos eletroeletrônicos - ou seja, televisores, computadores, rádios, videocassetes, e outros aparelhos quebrados ou sem uso. O profissional destaca que ao longo de 15 anos de atuação, a equipe testemunhou a evolução tecnológica e observou que o que antes era desejo de consumo, logo se tornava obsoleto.


Com isso, a ideia que surgiu com os cooperados foi de guardar algumas dessas tecnologias em um acervo e com isso surgiu um museu de antiguidades que roda por escolas e eventos com equipamentos que deixam os representantes da Geração Z desnorteados, como CD-ROMs, máquinas de escrever, Ataris, objetos que fizeram parte da infância e juventude de muitas pessoas, mas foram substituídos por versões mais modernas, exemplificando como todo lançamento se transforma em e-lixo um dia.

"Muitas pessoas se assustam em como a tecnologia se transforma rapidamente, mas queremos destacar que essa velocidade significa mais lixo eletrônico e mais recursos naturais extraídos da natureza. Sendo que, com a reciclagem de lixo eletrônico podemos devolver parte desses materiais para a indústria, economizando recursos e evitando esses objetos poluindo as cidades, ainda mais porque podem liberar substâncias tóxicas no meio ambiente.", afirma Alex Pereira.

Planos para o futuro 
 
Se a rapidez dos lançamentos tecnológicos já preocupava pelo volume de lixo eletrônico gerado e descartado irregularmente há 15 anos, hoje, a questão é um problema global inadiável. Conforme o relatório “Monitor Global de E-Lixo”, publicado neste ano pela Organização das Nações Unidas (ONU), a geração mundial de resíduos eletrônicos está aumentando cinco vezes mais rápido do que a reciclagem de e-lixo documentada em todo mundo.
 
“As cooperativas de reciclagem possuem um papel fundamental para evitar catástrofes ambientais, mas precisamos de apoio popular, de empresas e instituições públicas e privadas. Na Coopermiti, por exemplo, poderíamos reciclar ainda mais materiais, mas precisamos que haja o interesse das pessoas em cooperar com a nossa missão referente ao descarte regular e sustentável. Nosso trabalho é o caminho, mas precisamos caminhar coletivamente", finaliza.

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